"Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia. Pois o triunfo pertence a quem se atreve... a vida é 'muito', para ser insignificante". Charles Chaplin.



quinta-feira, 20 de abril de 2017

Presidente nacional da CUT, Vagner Freitas: “O Estado sempre esteve a serviço das mesmas elites políticas e econômicas”

Entrevista Exclusiva

Em entrevista exclusiva à Frente Brasil Popular, Vagner Freitas, presidente nacional CUT, fala sobre o assalto aos direitos do trabalhadores, principal fator da agenda do presidente ilegítimo Michel Temer. Freitas alerta que as três medidas principais dessa pauta irá causar um efeito devastador aos brasileiros. A terceirização total, a reforma trabalhista e o desmonte da previdência social irá deslocar direitos históricos dos trabalhadores.
Segundo o presidente da CUT, a saída é fortalecimento do Estado "como elemento impulsionador da retomada do crescimento. Sabemos também que são justamente as políticas de defesa dos mais fracos as que estão sendo mais atacadas pelos golpistas, os avanços nas políticas sociais dos governos Lula/ Dilma é a destruição das conquistas da constituição federal de 1988 são as principais vítimas do golpe".

Frente Brasil Popular - No dia 17 de abril do ano passado o Brasil passou uma triste página da nossa história com a votação do impeachment na Câmara dos Deputados. Quando você lembra desse episódio, agora com a distância do tempo, o que vê?
Vagner Freitas: Lamentável é que isso aconteceu justamente no dia do meu aniversário. Eu, que acompanho o congresso nacional de perto, sabia que esse era o pior congresso eleito desde a ditadura, mas a posição dos deputados e deputadas naquele dia foi um show de horror. Dedicando votos pelo SIM à família, Deus, filha, filho, esposa, marido, pai, mãe. Nenhum daqueles deputados golpistas se atreveu a dizer por que estavam tirando uma presidenta honesta. Foi um impeachment sem crime de responsabilidade, logo foi um golpe. Tanto que, meses depois, o mesmo senador que oficializou o golpe, no dia 31 de agosto de 2016, no dia seguinte aprovou que pedalada fiscal não era crime. Passado um ano temos um país destruído. Desmonte da Petrobras e dos bancos públicos, entrega do Pré Sal, desmonte na educação através de medida provisória, congelamento dos gastos primários por 20 anos, terceirização generalizada, reforma trabalhista destruindo direitos históricos, e agora e o fim da previdência pública.
A CUT já alertava que o golpe não era contra Dilma e contra o PT, que o golpe era contra o povo brasileiro e é exatamente isso que estamos assistindo hoje.

FBP: Quais foram as principais medidas contra o trabalhador brasileiro desde então? 
VF: Além daquelas que desmontam o Estado nas políticas sociais, os trabalhadores e trabalhadoras sentirão fortemente o impacto em 3 medidas em andamento pelos golpistas: a terceirização total, a reforma trabalhista e o desmonte da previdência social. Essas medidas vão provocar a desregulamentação das relações do trabalho, o achatamento salarial, o aumento da jornada de trabalho e a piora das condições de trabalho e de vida, sob todos os aspectos.

FBP - A construção de uma plataforma que reúna a esquerda e setores progressistas da sociedade brasileira é possível em torno de quais eixos? 
VF: Acredito que em um país tão desigual como é o Brasil, políticas de proteção aos trabalhadores, de incentivo à produção, de valorização do salário mínimo e dos salários de forma geral devam ser medidas fundamentais como forma de retomar o crescimento, o consumo e o rendimento dos trabalhadores. Tudo isso aliada a uma  política de incentivo à agricultura familiar e a retomada do programa de reforma agrária. O fortalecimento do Estado é fundamental nesse momento, como elemento impulsionador da retomada do crescimento. Sabemos também que são justamente as políticas de defesa dos mais fracos as que estão sendo mais atacadas pelos golpistas, os avanços nas políticas sociais dos governos Lula/ Dilma é a destruição das conquistas da constituição federal de 1988 são as principais vítimas do golpe.

FBP - Qual é a perspectiva dessa luta para resgatar a democracia brasileira?
VF: A situação em 17 de abril de 2016 não é a mesma de 17 de abril de 2017. Os que foram às ruas pedir o golpe aparentemente perceberam como foram manipulados pela mídia e movimentos de extrema direita que se diziam apartidários e hoje mostram que são ligados a partidos de direita e a interesses internacionais. As mobilizações que a CUT, com muito orgulho tem ajudado a impulsionar, como o dia 08 de março e a paralisação do dia 15 de março mostram que existe espaço para a retomada forte das lutas e mobilizações populares e do resgate da democracia brasileira, sequestrada pelos golpistas que destruíram esse país em apenas um ano. E em 28 de abril vamos parar o Brasil contra esse desmonte em uma greve geral que já tem adesão de praticamente todas as categorias e do movimento social.

FBP -  A classe trabalhadora está preparada para assumir novamente o protagonismo no Brasil? 
VF: Em 500 anos de história a classe trabalhadora sempre foi relegada a um segundo plano. O Estado sempre esteve a serviço das mesmas elites políticas e econômicas. Durante os governos Lula e Dilma os trabalhadores sentiram pela primeira vez como parte da sociedade, como solução e não como problema. O povo passou a viajar de avião, comprar carro zero, ter acesso a casa própria, ver o filho ou a filha entrando na universidade, teve elevação salarial, emprego disponível, o salário mínimo valorizado e o bolsa família tirando milhões de pessoas da miséria. Tudo isso o povo está vendo escapar pelos dedos depois do golpe e não quer perder o que foi conquistado e deve lutar para recuperar o que perdeu e para isso é necessário que a classe trabalhadora seja novamente protagonista na disputa política.

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