"Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia. Pois o triunfo pertence a quem se atreve... a vida é 'muito', para ser insignificante". Charles Chaplin.



segunda-feira, 3 de abril de 2017

Medo, Resistência e Covardia

(Texto: Elivane Secchi – Coordenadora Regional do SINTE de Palmitos e Secretária de Políticas Sociais da CUT-SC)

Hoje, quero falar sobre três palavrinhas que muito significam nas decisões e deliberações de qualquer coletivo. Iniciemos por conceituar cada uma delas. Os conceitos foram retirados aleatoriamente de sites da internet.
Conceito de medo: Medo é um estado emocional que surge em resposta a consciência perante uma situação de eventual perigo. A ideia de que algo ou alguma coisa possa ameaçar a segurança ou a vida de alguém, faz com que o cérebro ative, involuntariamente, uma série de compostos químicos que provocam reações que caracterizam o medo. (dicionário informal)
Conceito de resistência: Movimento de resistência é o conjunto de iniciativas levado a cabo por um grupo de pessoas que defendem uma causa normalmente política, na luta contra um invasor em um país ocupado. O termo pode também se referir a qualquer esforço organizado por defensores de um ideal comum contra uma autoridade constituída, governo ou administração estabelecida ou imposta. O oposto da resistência, isto é, a colaboração com o invasor (opressor), é chamado de colaboracionismo. (fonte Wikipédia) (grifo nosso)
Conceito de covardia: É o oposto de bravura e coragem. É algo que te remete a não tentar, a não buscar, a não lutar por medo, por indecisão, por fraqueza. É deixar de fazer algo, é desistir no meio do caminho, é abandonar uma luta pela metade pela falta de confiança em si próprio. É se conformar com o que não tem, mas poderia ter. É desistir de lutar por medo de perder, mas se não lutares nunca saberás se terias a força pra vencer.
 Com cada palavra devidamente conceituada podemos dialogar:
Vivemos hoje, um momento único, cada momento é único em si só, não quero dizer com isso que já não tivemos momentos muito semelhantes, sim, já tivemos. Porém este é o hoje e é hoje que temos que decidir o que vamos fazer, o que vamos dizer, o que vamos assumir e o que vamos aceitar, calar ou consentir.
Vivemos num período político muito delicado em que cada momento estamos correndo o risco de sermos lesados nos nossos direitos. Então o que podemos fazer?
Se a gente se rebelar, seremos massacrados, pressionados, ameaçados, humilhados pelos nossos superiores. Prejudicados naquilo que mais nos atinge, na ameaça de corte de salários (precisamos dele para nossa subsistência e de nossas famílias) que apesar de serem demasiadamente inferiores ao que deveria ser é deles que sobrevivemos.
Esse é o medo falando ao nosso ouvido, o medo de perder o pouco que se tem, o medo de resistir, o medo de soltar o grito preso na garganta e dizer chega! Esse medo na grande maioria das vezes nos torna covardes, sim, covardes (sem intenção de ofender), covardes por que o medo se torna maior que os sonhos, o medo se torna maior que as necessidades, o medo se torna maior que as humilhações que sofremos no dia-a-dia. Sim, nos tornamos covarde por medo.
Estamos assistindo nossos direitos serem retirados “à mão grande” e eu sei que isso não é colaboracionismo, que não é consentimento com a opressão, isto se chama medo, se chama covardia.
Vamos fazer uma analogia: Uma casa onde há gatos torna-se perigosa para os pequenos pássaros que costumam buscar alimentos nos arredores da residência, no pátio, na grama enfim onde possa ter um farelo de alimento, uma semente que cai de uma árvore, “estou usando este exemplo por que por muitas vezes, presenciei pássaros sendo capturados pelo gato que tenho em casa”, mas os pássaros continuam pousando por aqui em busca de seu alimento. Isso não é burrice, isto é resistência, é coragem de ir buscar aquilo que se precisa, mesmo sabendo que há riscos constantes.
Não quero com isso dizer que temos que nos colocar na linha de tiro, estou querendo dizer que não podemos nos acovardar sem tentar.
Vamos aos fatos reais: Foi aprovada a PEC 241 ou 55 que se tornou Emenda Constitucional n. 95 de 15/12/2016. Essa emenda congela por 20 anos os investimentos na educação, saúde, assistência social. VINTE anos é uma vida, quantas pessoas serão prejudicadas por esta lei. 
Veio também Reforma do Ensino Médio (sabemos que havia necessidade de uma reforma), mas sem nenhuma discussão com quem faz educação, com a sociedade. Deputados definindo qual grade curricular é mais importante para o aluno estudar, sugerindo que o aluno vá trabalhar a partir de 16 anos, o filho do pobre, é claro, pois o filho do rico vai só estudar e de preferência em escola particular que não adere a reforma. Por que será que nosso aluno (pobre) deve ser formado para trabalhar aos 16 anos? Simples, para formar mão de obra barata. Este estudante/trabalhador terá que optar por estudar ou trabalhar, pois será muito restrito o ingresso nas faculdades. E o que será que ele ou seus pais vão escolher? O trabalho é claro. Vai trabalhar aos 16 para chegar aos 65 anos e se aposentar com um salário integral. Parece-me que viveremos um período análogo ao da escravidão. Ainda falando em Reformas Educacionais existe o Projeto Escola sem Partido que impede discussões políticas nas escolas tornando assim nossos estudantes alienados em relação aos acontecimentos políticos tornando-os presas ainda mais fáceis para mão de obra barata.
Ainda tramita no Congresso Nacional reforma trabalhista que em um de seus pontos defende o negociado sobre o legislado, não será a lei que vai definir os direitos dos trabalhadores e sim a negociação entre patrões e empregados. Então eu pergunto entre perder o emprego ou dividir seu 13º salário em 12 vezes, o que você escolheria? Entre trocar as horas extras trabalhadas, pagas em dinheiro conforme hoje prevê a lei, por folgas ou brindes e perder o emprego, o que você escolheria? Infelizmente a grande maioria cederá para não ficar desempregado. A terceirização que faz parte da reforma trabalhista já foi aprovada e sancionada. Isso sem os parlamentares levarem em conta que os serviços terceirizados são os que pagam os menores salários, os que tem maior número de demissão e de acidentes de trabalho. Há quem acredita que seja inconstitucional pois  o projeto, existente desde 1998, havia sido arquivado pela presidência da república, se não me falha a memória em 2002. Quando um projeto é arquivado por ordem da presidência da República não pode voltar a ser votado. Mas foi... e aprovado.... e sancionado.
E a Reforma da Previdência que está aí causando tanto barulho, isso é um ponto positivo, seria muito pior se todos estivessem calados. Bem esta reforma começa por aumentar para 65 anos a idade mínima para que todo e qualquer trabalhador tenha direito a se aposentar e pior, o tempo mínimo de contribuição que hoje é de 15 anos passará a 25 anos. Mas então se eu tiver 65 anos e 25 de trabalho me aposento? Sim, com 76% dos proventos. Isto porque tendo 25 anos de contribuição e idade de 65 vai somar apenas 51% do necessário e vai aumentar 1% a cada ano a mais trabalhado, ou seja, para ter os 100% terá que trabalhar 49 anos, isso em tese, pois a grande maioria das pessoas terá que trabalhar muito mais, pois não poderá ter nenhum período sem contribuição durante este tempo. Ou seja, para melhor entender, o trabalhador deverá iniciar sua contribuição aos 16 anos para chegar aos 65 com direito a aposentadoria integral. A Reforma ainda prevê o fim das aposentadorias especiais que vou citar aqui apenas dois exemplos que é o dos professores/as e dos agricultores/as. Duas categorias que começam trabalhar muito cedo e com muitas horas de jornada de trabalho e quando chegam aos 50, 55 anos já estão com inúmeros problemas de saúde e que não vão resistir se tiverem que trabalhar até 70 ou 72 anos. Isto não pode ser chamado de Reforma tendo em vista que reformas servem para melhorar e não para piorar a vida do trabalhador.
Eu poderia continuar escrevendo muito mais sobre estas reformas e outras que prejudicarão em muito a vida dos trabalhadores e trabalhadoras deste país, mas vou parar por aqui já trouxe subsídios suficientes para quem quer se indignar, se rebelar e resistir.
Então trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, colegas professores, não deixemos que o medo e a covardia nos impeça de lutar para que todas estas retiradas de diretos de fato se concretizem. Vamos resistir, vamos nos unir em torno de um único objetivo, manter nossos direitos conquistados, não vamos nem falar em ampliar direitos, hoje a nossa luta é para manter aqueles conquistados com muita bravura de trabalhadores e trabalhadoras que enfrentaram seus algozes, venceram o medo, a covardia e resistiram.
Vamos nos mobilizar, para, juntos, impedirmos o desmonte total dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil!

DIA 28 DE ABRIL: GREVE GERAL – VAMOS PARAR O BRASIL!

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