"Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia. Pois o triunfo pertence a quem se atreve... a vida é 'muito', para ser insignificante". Charles Chaplin.



quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Audiência discute escolas bilíngues e acessibilidade em Libras para surdos

(Texto: Marcelo Espinoza – Fotos: Miriam Zomer/Agência AL)

A falta de escolas bilíngues e de acessibilidade nos serviços públicos foram alguns dos problemas enfrentados pelos surdos, apontados durante a audiência pública realizada na noite desta quarta-feira (18) pela Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Durante o encontro, ocorrido no Plenarinho Deputado Paulo Stuart Wright, os participantes destacaram que, apesar dos avanços na legislação em prol da pessoa com deficiência, praticamente nada foi colocado em prática para permitir a inclusão dos surdos.
A audiência pública foi proposta pela deputada Luciane Carminatti (PT), presidente da comissão, com o tema “Acessibilidade no atendimento ao cidadão surdo pela Língua Brasileira de Sinais (Libras)”. Conforme a deputada, as sugestões colhidas durante o encontro vão embasar iniciativas em prol da inclusão dessas pessoas. A necessidade da realização de concurso público para a contratação de professores efetivos de Libras e a implantação de escolas bilíngues (Libras e Língua Portuguesa) estão entre os encaminhamentos da audiência.
A professora e pesquisadora do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professora Ronice Müeller de Quadros, afirmou que em 2004 o governo estadual catarinense elaborou uma política educacional voltada para a inclusão da pessoa surda. A proposta principal era criar escolas polo, nas principais cidades do estado, com educação bilíngue, com o objetivo de alfabetizar as pessoas surdas e possibilitar sua plena formação, até a inclusão no mercado de trabalho. No entanto, conforme Ronice, praticamente nada foi colocado em prática.
“Não foram criados cargos de professores de Libras. Os profissionais contratados são temporários (ACTs), que a cada dois anos são substituídos, o que impede o desenvolvimento de um trabalho contínuo”, afirmou a pesquisadora. “Permitir a alfabetização nas duas línguas é essencial. A língua é a base do aprendizado e de qualquer interação que se faz em nossas vidas.”
André Richard, também da UFSC, acredita que a inclusão de pessoas surdas em escolas convencionais com a presença de tradutores de Libras não é a opção mais adequada a alfabetização e escolarização desse público. Ele também considera importante investir na qualidade dos profissionais de Libras.
Acessibilidade
A presidente da Associação dos Surdos da Grande Florianópolis (ASGF), Sandra Amorim, concordou que as escolas bilíngues são importantes, mas ressaltou a necessidade de ações efetivas em prol da inclusão dos surdos em outros espaços. Para ela, há leis que garantem os direitos dessa parcela da população, porém, na prática, elas não são respeitadas.
“A inclusão na escola é importante, mas como ficam os outros espaços, a qualidade de vida do surdo?”, questionou a dirigente. “Precisamos ter acesso a intérpretes de Libras com qualidade, que os serviços públicos ofereçam esse tipo de atendimento aos surdos. O governo e a sociedade têm que entender isso.”
A audiência também contou com a participação da presidente do Conselho Municipal de Educação de Florianópolis, Maria de Jesus Barros Conte, e do vereador de Florianópolis Vanderlei Farias, o Lela (PDT). Os dois destacaram a necessidade de ações urgentes em prol da população surda.
Segundo IBGE, Santa Catarina tem mais de 300 mil surdos. Entre os maiores desafios dessa parcela da população está a comunicação, através da Língua Brasileira de Sinais. Direitos fundamentais como saúde e educação são dificultados pela falta de atendimento especializado em libras.
Para discutir o tema, a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, promoveu na noite desta quarta-feira (18), audiência pública. Representantes de entidades de classe, estudantes de libras e pessoas surdas participaram do debate.

Abaixo, entrevistas com:
- deputada Luciane Carminatti (PT), proponente do debate;
- Sandra Lúcia Amorim, presidente da Associação de Surdos da Grande Florianópolis - intérpetre de libras: Stephanie Vasconcelos.

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