"Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia. Pois o triunfo pertence a quem se atreve... a vida é 'muito', para ser insignificante". Charles Chaplin.



quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Seminário qualifica debate contra a mercantilização da educação pública

(Texto e fotos: Jordana Mercado)

Dando continuidade ao Seminário “Retrocessos e Consequências da Reforma do Ensino Médio e da BNCC para a Educação Básica no Brasil”, os trabalhos do último dia foram iniciados com o tema “Formas de enfrentamento dos projetos de privatização, terceirização e militarização do Ensino Médio”. A mesa foi coordenada pelo professor Gilmar Soares Ferreira, Secretário de Assuntos Educacionais da CNTE, com a participação da UPES (União Paulista de Estudantes Secundaristas), representada pela presidente Laís do Vale, e do professor Reginaldo Soeiro, membro do PROIFES e coordenador do FEESP (Fórum de Educação do Estado de São Paulo).
A UPES é uma entidade histórica, recentemente comemorou seus 70 anos de fundação, e os estudantes de São Paulo, tem protagonizado lutas marcantes e exitosas de enfrentamento aos desmandos do governo estadual, são bons exemplos a ocupação das escolas para impedir o projeto de “reorganização” que implicava no fechamento de salas de aula, a instalação da CPI da merenda, luta pela criação de bolsas de assistência nas ETECS (Escolas Técnicas Estaduais) e FATECS (Faculdades de Tecnologia do Estado), entre outras. Hoje os estudantes organizados estão comprometidos em somar esforços na luta contra privatizações de escolas públicas e a militarização das mesmas.
Em São Paulo, nesse ano de 2018, houve uma tentativa de privatização da rede pública através do CIS (Contrato de Impacto Social), uma espécie de parceria público-privada, que permitia a atuação de empresas e organizações privadas, para desenvolver projetos para a redução da evasão e da repetência. A falta de transparência deixou claro que a classe trabalhadora não seria beneficiada e a resistência da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) com os estudantes barrou temporariamente o avanço da proposta.
Da mesma maneira a militarização das escolas encontra resistência entre os estudantes, já que os setores progressistas não acreditam no medo como um instrumento legítimo para tratar problemas sociais de segurança pública, ao contrário, é uma solução simplista e preguiçosa, que tenta desresponsabilizar o estado do papel de oferecer educação de qualidade, libertadora e emancipadora, que é uma das bandeiras mais importantes que defendemos. “Os jovens não precisam ser ‘colocados em seus devidos lugares’, a educação não pode ser uma forma de prisão, mas de libertação”, defende Laís.
A mesa “Possibilidades, alcances, limitações e formação das Novas Tecnologias de Informação Comunicação - NTICs no Ensino Médio” teve como expositor o doutor José Edeson de Melo Siqueira, professor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), sob a coordenação de Selene Barboza Michielin, Secretária de Aposentados e Assuntos Previdenciários da CNTE e Girlene Lázaro da Silva, da Secretaria Executiva da entidade.Siqueira fez o contraponto entre o avanço da tecnologia, sua utilização nas escolas públicas e a efetividade das práticas pedagógicas que fazem o emprego desses recursos. Ele usou dados de uma pesquisa elaborada pela UFPE na rede de ensino de Pernambuco, e apontou um dado interessante: as escolas públicas pesquisadas demonstraram maior criatividade na utilização, a despeito de ter recursos mais limitados. Em sua visão, a tecnologia não diminuirá a necessidade ou importância do professor, ao contrário, ele é o ator que vai motivar os estudantes na aplicação dos recursos disponíveis. “Quando pensamos em tecnologia e educação pública, temos que pensar no fomento de políticas para gestão da escola. E mais que isso: políticas de governo. Políticas para equipar as escolas, para investir em capacitação, instrumentalizar os estudantes e avançar no processo ensino-aprendizagem”, disse.
Além dos encaminhamentos, no período da tarde haverá palestra com o doutor Jessé Souza, sociólogo, professor titular da UFABC (Universidade Federal do ABC) e pesquisador. Ele é autor de diversos livros, dentre os quais “A Elite do Atraso” e “A Classe Média no Espelho”. 
 

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