"Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia. Pois o triunfo pertence a quem se atreve... a vida é 'muito', para ser insignificante". Charles Chaplin.



quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Que isso tudo nos fortaleça na luta!

Texto: Professora Elivane Secchi – Coordenadora Regional do SINTE de Palmitos e Secretária Secretária de Políticas Sociais da CUT-SC

Você já brincou, na escola, na rua, no seu bairro, enfim, em qualquer lugar, quando criança, de polícia e bandido? Pergunto isso, por que, nessa brincadeira, todos éramos do bem, tanto a polícia, quanto os bandidos. Independentemente do lado em que nos encontrávamos, torcíamos para que o bem vencesse, pois, no imaginário infantil, o bem sempre vence o mal.
Pois bem, lembrei desta brincadeira, a partir do momento muito triste, bem real e recente de nossa história. Mais uma vez, ontem, fomos colocados em lados opostos: povo contra povo, na “casa do povo”. Perdoem-me a redundância, mas foi exatamente isso que ocorreu. De um lado, funcionários públicos - professores, profissionais da saúde e segurança -, juntos, defendendo, ou tentando defender, seus direitos, ou, pelo menos, evitar mais perdas e prejuízos aos trabalhadores, uniram-se em um Fórum e foram acompanhar as votações, na Assembleia Legislativa (ALESC). Ao chegarmos lá, nos deparamos com um número muito expressivo de policiais militares, posicionados na segurança. Segurança de quem? Dos senhores deputados, é claro, pois, do outro lado do cordão de isolamento, estavam os “bandidos” perigosos - funcionários públicos armados com palavras de ordem e indignação – misturados a uma pitada de desespero. Tentamos entrar no plenário, para a reunião da CCJ, mas o presidente da Assembleia, sr. Gelsom Merisio, e o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, sr. Mauro de Nadal, cercearam o direito garantido ao povo, direito de assistir e acompanhar as reuniões que deliberam matérias de interesse das categorias e/ou de interesse público.
Frente a esta truculência toda, a reação dos manifestantes foi automática: “Queremos entrar, queremos ocupar todos os lugares que dão acesso e a possibilidade de ver e ouvir de perto o que está sendo discutido e votado pela Casa”. Somente noventa pessoas puderam entrar no plenário da Assembleia. Obviamente, isso provocou uma onda de indignação geral. Frente ao desrespeito do Legislativo e do Executivo do Estado, cerca de 1.500 manifestantes tentaram forçar a entrada, usando a força da indignação e da revolta, com as armas da união dos servidores. 
Aí, então, vem a parte que me fez remeter às minhas lembranças da infância: de um lado, o povo trabalhador; do outro, também. De um lado, funcionários públicos, com a cara limpa e a coragem, sendo lesionados, num ato de cidadania e resistência; por outro, num combate covarde, policiais, a serviço do Estado, armados com cassetetes e sprays de pimenta. A partir da primeira tentativa de furar o bloqueio, o número de policiais dobrou, de forma mágica, inexplicável, mas ainda não foi o suficiente, e – acreditem! - eis que surge a tropa de choque. Vejam vocês, muitos daqueles policiais, obrigados a prestar serviço ao Estado, agiram contra a própria vontade, contra seus companheiros, contra seus colegas, que defendiam os direitos de todos. Os trabalhadores são do bem e da justiça. Porém, o Estado, com força desumana, fria e coronelista, joga uns contra os outros, divide o povo, e faz pensar que uns são do bem e outros são do mal. Não podemos corresponder a isso, nos confundir.
Todos os que ali estavam, lutavam por seus direitos. Ninguém estava ali para prejudicar ninguém. Nenhum dos manifestantes estava armado, ou mal intencionado, como ousaram escrever alguns blogueiros desinformados da história, mal intencionados, que aceitam participar da banda podre da mídia deste Estado. Lamentavelmente, muitos 'profissionais' de uma certa mídia são adeptos ao “morde e assopra”, para tentar cutucar a todos, mas não se indispor com ninguém. É preciso que fiquemos alertas, todos nós, trabalhadores, para sermos combativos, e jamais nos calarmos, diante de boatos, os quais, tão repetidos, tornam-se 'verdades'.
Então, companheiros e companheiras de trabalho, luta e resistência, que isso tudo não sirva para nos amedrontar, ou nos colocar como frágeis e coitadinhos. Que sirva, sim, como consciência e indignação, para que faça nosso sangue ferver nas veias, e que nos mantenha e nos fortaleça na luta, sempre, com muita garra e sede de justiça. Não cruzemos os braços! Vamos à luta! Sigamos em frente - um passo de cada vez -, nem que seja com os olhos e a face vermelhos e inchados, não de chorar, mas por levarmos spray de pimenta na cara.... Que isso sirva de mola propulsora da nossa luta!
Avante, bravos guerreiros! Que estejamos sempre de olhos bem abertos, munidos de palavras e cuidados, nessa luta desigual, entre opressor e oprimido. Mas não esqueçamos que “polícia e bandido” é só uma brincadeira infantil, a qual lembrei, pelo fato de ver povo contra povo, numa luta onde ninguém sai ganhando!

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