"Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia. Pois o triunfo pertence a quem se atreve... a vida é 'muito', para ser insignificante". Charles Chaplin.



terça-feira, 25 de setembro de 2018

29 de setembro: dia de combate ao fascismo e à violência contra a mulher

No próximo sábado, dia 29 de setembro, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) convida as entidades filiadas a somarem força às mobilizações contra o machismo, a homofobia, o feminicídio, o racismo e as demais violências propagadas no país. A iniciativa, que partiu das integrantes da página "Mulheres contra Bolsonaro" e "Mulheres Unidas contra Bolsonaro", iniciada nas redes sociais, logo se transformou em grande manifesto nacional, e fora do país, contra o discurso de ódio do presidenciável do PSL-RJ, de extrema direita, que ganhou notoriedade com declarações criminosas sobre mulheres, negros e LGBTs.
O grupo, que já sofreu retaliação e foi hackeado, deu a volta por cima no ataque cibernético e ganhou mais impulso para as ações no próximo final de semana. A estimativa é de envolvimento de 42 cidades brasileiras, contra a candidatura de Jair Bolsonaro, além de movimentos em Lisboa, Porto e Coimbra (Portugal), Berlim (Alemanha), Lyon (França), Galway (Irlanda), Barcelona (Espanha), Sidney e Gold Coast (Austrália), Londres (Inglaterra) e Haia (Holanda), entre outras cidades.  
As mulheres são as mais atingidas com as políticas do governo ilegítimo que tomou o poder no Brasil e no discurso do candidato que está na primeira colocação na disputa presidencial. Hoje, elas são as primeiras a perder o emprego e o acesso a serviços básicos. Assim, a CNTE luta com o objetivo de avançar no combate à violência de gênero e pela participação feminina no poder, perante uma sociedade conservadora e machista, em cenário de crise sistêmica do capitalismo, de grandes retrocessos, quando avança o conservadorismo e a pauta reacionária, com a disseminação do ódio de classe expresso nos ataques aos direitos dos/as trabalhadores/as e às liberdades democráticas. Há, ainda, o crescimento das manifestações de ódio e intolerância contra o debate de gênero nas escolas, estigmatizando o movimento feminista, em tentativa de naturalizar comportamentos de homens e mulheres a partir de estereótipos.

Confira o texto de Isis Tavares Neves, secretária de Relações de Gênero da CNTE, sobre a importância da participação nas ações do dia 29 de setembro:

DIA 29 DE SETEMBRO É DIA DE IR PRA RUA! #eleNão

Em meio a uma ofensiva conservadora de setores da ultradireita que têm favorecido ao crescimento do fascismo no Brasil, as políticas públicas de educação, saúde e de enfrentamento à violência e à pobreza têm sido alvo do ataque de forças reacionárias que com viés religioso e falso moralista, se manifesta em bancadas parlamentares nos espaços legislativos e decisões do poder judiciário. 
Sem nenhuma fundamentação acadêmica, usam a propagação do ódio, da intolerância, do racismo, da homofobia, da misoginia e machismo, para divulgar suas ideias que nada têm de apenas ignorância e obtusidade e que canalizadas para uma candidatura à presidência da República pelo PSL, ganhou vulto, apresentando uma agenda de criminalização dos movimentos sociais e da política, dividindo a sociedade entre “cidadãos/ãs de bem” e a bandidos. Pregando a solução dos problemas através da execução de pobres, negros/as, homossexuais e militantes de esquerda, em especial militantes comunistas e do Partido dos Trabalhadores.
Consideram cidadãos e cidadãs de bem, aqueles e aquelas que se assemelham em posição social em orientação sexual pretensamente heteronormativa e com a formação tradicional de família, como já declarou o candidato a vice na chapa presidencial do PSL quando declarou que famílias só de mãe e avó, cria marginais. E marginais, segundo suas convicções, devem morre!
Para essa candidatura e seus apoiadores, crianças e jovens criados com muito trabalho e superação por milhares de mulheres chefes de família, são aberrações sociais. Devem ser aniquilados.
Não têm fundamento. Mas sobra fascismo. Têm viés de classe!
A educação é um dos principais alvos da sanha fascista.
E ao analisarmos o Atlas da Violência 2018, produzido pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), lançado em junho, que evidenciou o quanto tem se acentuado os indicadores da violência no Brasil, fica mais fácil entender.
Segundo informações do Ministério da Saúde, ocorreram o equivalente a 30,3 mortes para cada habitante em 2016.
A morte por violência intencional no Brasil atingiu, nos últimos dez anos, 553 mil pessoas.
O trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública contextualizam o que classificam como o nível de violência letal que acomete o nosso povo.
As maiores taxas de homicídio ocorrem no Norte e Nordeste do país com sete estados com maiores taxas de homicídio por 100 mil habitantes.
Mas um dado mais perverso precisa ser tratado com a devida gravidade: a violência letal entre os jovens: os homicídios respondem por 56,5% da causa de óbito de homens entre 15 a 19 anos. A juventude perdida trata-se de um problema de primeira importância no caminho do desenvolvimento social do país e que vem aumentando numa velocidade maior nos estados do Norte. Quando se cruza os dados dos indicadores de raça/cor.
Apesar do Brasil reconhecer a violência contra a mulher como crime e ter aprovado a Lei do Feminicídio, os índices têm crescido no período pesquisado. Em 2016, 4.645 mulheres foram assassinadas no país, o que representa uma taxa de 4,5 homicídios para cada 100 mil brasileiras. O aumento nos últimos 10 anos foi de 6,4%. Além disso, associando o racismo ao feminicídio, a taxa de homicídios de mulheres negras foi 71% superior à de mulheres não negras. 
Outro dado estarrecedor são os dados do estupro no Brasil. 68% dos registros de estupro no sistema de saúde são de estupros de menores! Desses casos até 30% dos estupradores de crianças até 13 anos, são pessoas do convívio dos pais/responsáveis e outros 30% são os próprios pais, mães, padrastos e irmãos, e desses casos em que o estuprador é conhecido, mais da metade os estupros já vinham ocorrendo e mais de 70% ocorreram na própria residência.
Ao analisar mais detidamente os dados do Atlas 2018, podemos entender que interessa e muito, para o pensamento que fundamenta o discurso do candidato do PSL, que os investimentos em políticas públicas sejam congelados. 
Que a saúde fique à mingua e que as mulheres tenham vergonha de procurar atendimento médico em caso de estupro, porque além de não aprovar nenhum projeto de defesa das mulheres, o inominável ainda é coautor de projeto que que tem o intuito de revogar a garantia de atendimento obrigatório e integral pelo Sistema Único de Saúde (SUS) às mulheres e vítimas de violência sexual. O Projeto de Lei 6055 é de 2013 e foi proposto em meio ao aumento das notificações de casos de estupro no país. Entre 2011 e 2016, por exemplo, houve crescimento de 90%, sendo que a maior das vítimas são crianças.
Que a educação fique sem investimentos e que a reforma trabalhista aliada à reforma do Ensino do Ensino Médio, produza mão de obra barata e jovens com uma formação incipiente coma consciência política cada vez mais rebaixada, que não consiga perceber a opressão de classe, atribua tudo à vontade divina e à meritocracia, num patamar de miserabilidade econômica e intelectual que vai adoecê-lo e levá-lo a uma condição sub-humana, sem vontade de lutar por melhores condições de vida e trabalho.
Da mesma forma, as crianças ficarão cada vez mais à mercê da juventude perdida: do estupro, do aliciamento, das drogas, com a expectativa de vida cada vez mais baixa, assassinados pelas “pessoas de bem” que se sentirem ameaçadas por elas e que reivindicam para si, o porte de armas de fogo para “proteger” seu patrimônio e suas famílias.
Nós, educadores e educadoras, que construímos uma grande parte da história da educação neste país, embora invisibilizados/as, não podemos fechar os olhos para essa tenebrosa realidade.
Nós, educadores e educadoras, que sofremos as consequências do aumento da violência no seio da nossa sociedade, não podemos concordar que tudo é questão de puramente de disciplina e religião.
Concordar com esse discurso é admitir que somos dispensáveis, descartáveis e substituíveis por um aparelho de televisão, desde os primeiros anos do ensino fundamental.
Não somos responsáveis pelas mazelas de anos de falta de políticas públicas para a educação. Somos a resistência, a voz e a luta por uma educação pública, laica, inclusiva e com igualdade de oportunidades para todos e todas.

Não vamos compactuar ou contribuir para o retrocesso civilizacional!

Dia 29 de setembro, todas e todos às ruas!

#eleNão

#eleNunca

Isis Tavares Neves
Secretária de Relações de Gênero

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