"Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia. Pois o triunfo pertence a quem se atreve... a vida é 'muito', para ser insignificante". Charles Chaplin.



sábado, 14 de março de 2020

14 de março – Do luto à luta: Sem Marielle, por Marielle!

Por Elivane Secchi, Secretária de Políticas Sociais do SINTE/SC

(Crédito/foto: Mídia Ninja)

Marielle Franco tinha origem negra, “cria da favela da Maré” (RJ), como ela mesma se identificava, socióloga que formou-se na PUC/RJ, com 100% de bolsa de estudo. Nasceu em 27 de julho de 1979, e foi brutalmente assassinada em 14 de março de 2018, uma quarta-feira de intenso trabalho, no gabinete da 5ª vereadora mais votada no Rio de Janeiro (mais de 45 mil votos), Marielle Franco. Logo após o final da sessão legislativa, Marielle chamou o motorista do mandato, Anderson Gomes, e partiram à Casa das Pretas, na Lapa, onde a vereadora participaria de mais uma reunião de mulheres, para fortalecer o empoderamento feminino negro, quando falou da necessidade urgente de organização de cada vez mais mulheres negras na política: “Não podemos mais continuar ocupando espaço, de dez em dez anos, como aconteceu com a Bené, a Jurema, e agora eu. Precisamos de maior representatividade. Vamos à luta, gente!”
O que aconteceu, depois que Marielle saiu da reunião, acompanhada pela assessora do mandato (Fernanda Chaves), ambas seguindo de carro dirigido por Anderson, o mundo inteiro ficou sabendo. Não só as manchetes nacionais destacaram o cruel assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. A partir daquela madrugada, a mídia internacional ressaltou a triste ocorrência, sempre cobrando das autoridades brasileiras as respostas para: Quem matou Marielle? Quem mandou matar Marielle? Por que mataram Marielle? Dois anos sem respostas.
A morte de Marielle Franco foi emblemática. Não só no Rio de Janeiro, mas por todo o Brasil (por que não dizer pelo mundo), as mulheres passaram a ocupar mais os espaços públicos, com manifestações organizadas, a partir de pautas feministas, sempre denunciando o fato de as autoridades competentes não concluírem o inquérito do duplo homicídio. Em Paris, Marielle foi homenageada com o nome de um Jardim Central. Em Colônia, na Alemanha, foi inaugurada a Rua Marielle Franco. No Rio de Janeiro, um deputado do PSL quebrou uma placa de homenagem a Marielle. Em pouco tempo, a placa foi reproduzida, e hoje são milhares, no mundo todo.
Para este ano, as lideranças do Instituto Marielle Franco já haviam organizado diversas manifestações, por todo o Brasil, para, mais uma vez, cobrar: Quem matou e quem mandou matar Marielle? A pandemia do coronavírus foi o motivo de os manifestos terem sido cancelados.
A partir do brutal assassinato de Marielle, muitas Marielles – mulheres, negras, mães, faveladas – romperam paradigmas, foram à luta, atendendo ao chamado daquela que sempre trabalhou em defesa dos direitos humanos e pela igualdade de gênero. Há dois anos, mulheres de diversos cantos do mundo partiram do luto à luta: Sem Marielle, por Marielle! Hoje, não há como conter o movimento fortalecido por Marielle, que continua se multiplicando, cada vez que (mais) uma mulher decide dizer não e denunciar humilhações, maus tratos, assédio, violência. É a voz forte de Marielle que reverbera: “Vamos à luta, gente!”

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