Por Elivane Secchi, Secretária de Políticas Sociais do SINTE/SC
Recentemente, Damares Alves, que ocupa o cargo de ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, marcou coletiva com a imprensa, quando simplesmente entrou muda e saiu calada. Diante do silêncio dela, um jornalista chegou a perguntar: “Ministra, a senhora vai sair do governo?” Quem dera que fosse, mas não foi dessa vez.
Logo depois, Damares disse ter preparado a cena toda, “para que vocês sintam como é difícil uma mulher ficar em silêncio”. Ela não precisava ter chamado a imprensa. Diariamente, Damares Alves demonstra desdenhoso silêncio, diante da realidade que fere os direitos humanos das mulheres e das famílias, e dos homens, também.
Seria mais honesto e digno a ocupante do cargo de ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos assumir que, de fato, não tem ideia do que dizer, muito menos fazer, às mulheres, principalmente, negras, pobres, lésbicas, feministas. Não é o silêncio hipócrita de Damares que incomoda. É o barulho que este silêncio causa, na falta de políticas públicas destinadas a estas mulheres.
É muito fácil falar para mulheres bem sucedidas, brancas e da elite. Eu queria ver realmente, numa coletiva respeitosa à imprensa, o que a ministra teria a dizer às mulheres pobres, desempregadas, que sofrem violência diária em casa, na rua, no seu subemprego. Este é o ponto nevrálgico que diz respeito ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. O que todas nós, mulheres brasileiras, queremos saber é o que, na realidade, a ministra tem a dizer sobre políticas públicas que estão sendo pensadas para estas mulheres.
Damares, o seu silêncio incomoda, sim – não, numa coletiva com a imprensa, mas quando teima em negar projetos de políticas públicas em defesa das milhares de mulheres que sofrem violência neste País. Isso é o que mais incomoda. Diante do seu descaso e silêncio, ministra, continuaremos lutando e exigindo respeito à igualdade dos direitos humanos e à vida digna!
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