"Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia. Pois o triunfo pertence a quem se atreve... a vida é 'muito', para ser insignificante". Charles Chaplin.



sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Quatro passos para fazer uma transição de turma bem tranquila

É fundamental analisar junto com o professor do ano anterior os registros sobre a turma. (Foto: Mariana Pekin)
Mara Mansani (professora alfabetizadora)

Em alguns dias, vamos encontrar um novo grupo de alunos à nossa espera. E, se por um lado o coração de professora fica ansioso para conhecer cada criança, por outro, surgem incertezas e dúvidas, muitas dúvidas. Eles serão agitados ou tranquilos? Será que a relação vai ser boa? O que será que já sabem? O que mais precisam aprender? Darei conta de alfabetizar a todos?
Esses e muitos outros questionamentos, com certeza, estão na cabeça da gente. Mas o processo de transição de uma turma para outra pode ser bem mais fácil quando existe um diálogo aberto com toda a equipe escolar, especialmente com o colega que acompanhou a classe no período anterior.
Todo início de ano, costumo conversar com esse professor e esclarecer as minhas principais dúvidas antes mesmo de conhecer pessoalmente os alunos. Muitas vezes, sou eu, como professora alfabetizadora, que passo as informações sobre a turma da forma mais detalhada possível, para que haja continuidade no processo de aprendizagem.
Esse diálogo, porém, não é feito aleatoriamente. Para que ele seja produtivo e contribua, de fato, para uma boa transição, sigo um roteiro com quatro pontos básicos:
Em relação à aprendizagem dos alunos, vejo com o professor do ano anterior todos os registros escritos que ele fez da turma. Às vezes são relatórios, anotações, fichas descritivas etc. A partir da minha análise desses registros, faço questionamentos. Geralmente, isso dá muito certo e é altamente esclarecedor, pois permite ter uma noção de como a turma evoluiu e onde parou. Quando não há registros, podemos recorrer às anotações feitas em cada conselho de classe do ano anterior, por exemplo. Vale também conversar com o coordenador pedagógico da escola.
Se possível, procuro ver com o colega as sondagens feitas e algumas amostras de atividades, como produções textuais e desenhos. Parece uma tarefa difícil, mas muitos docentes, assim como eu, mantêm esses materiais bem organizados em forma de portfólio – e é por essas e outras que eu acredito que o portfólio é uma das melhores formas de registro em alfabetização. Uma gravação em vídeo de alguma atividade realizada também é válida e muito interessante.
Outro ponto muito importante é perguntar quais estudantes precisam de uma atenção mais individualizada e especial, seja por serem alunos com deficiência, por apresentarem alguma dificuldade de aprendizagem ou viverem em uma situação de alta vulnerabilidade social. Dessa forma, me sinto mais preparada para recebê-los, com compreensão, carinho e paciência. Sem contar que posso procurar ajuda com especialistas (psicólogos, psicopedagogos) e estudar as práticas educativas mais adequadas a eles.
Um ponto que não pode ficar de fora dessa conversa é conhecer as expectativas de aprendizagem já alcançadas pelos alunos no ano anterior, os conteúdos curriculares já trabalhados, o que não ficou a contento e o que precisa ter continuidade. Estando claros esses pontos, que devem ser devidamente registrados em anotações, fica mais fácil planejar o novo ano de trabalho. Isso ajuda a otimizar o tempo em sala de aula, priorizando os conteúdos que ainda precisam ser trabalhados ou aprofundados. Quando não temos muita clareza sobre isso, acabamos gastando energia de forma desnecessária.
Com esse roteiro, oriento todo o meu trabalho inicial. Mas vale deixar claro que é preciso tomar muito cuidado para não rotular os alunos e criar expectativas falsas em relação a eles. As informações colhidas no período de transição precisarão ser confrontadas com o resultado das primeiras sondagens e, claro, com as impressões obtidas na convivência diária
E lembre-se: se nós, que somos adultos, ficamos preocupados com a transição, imaginem as crianças! Então, paciência, carinho e muita, mas muita energia para que tenhamos um bom ano.

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