"Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia. Pois o triunfo pertence a quem se atreve... a vida é 'muito', para ser insignificante". Charles Chaplin.



quinta-feira, 14 de maio de 2020

Coronavírus: A vida em leilão

(ilustração/internet)
por Elivane Secchi, Secretária de Políticas Sociais do SINTE/SC

Quanto vale uma vida – a sua, a minha, de um familiar, de um amigo, até de um desconhecido? No contexto da pandemia da Covid-19, a vida humana está em leilão. Esses tempos mais perigosos trouxeram à tona a indiferença humana, junto com a banalização das mortes causadas pelo novo coronavírus. Diariamente, os noticiários e as redes sociais só tratam de atualização de números, enquanto famílias e amigos choram os seus mortos, sem poderem realizar a última homenagem.
Ontem (13/05), o Brasil registrou 749 mortes em 24 horas, somando 13.149 mortos pelo novo coronavírus. O total de contaminados pela Covid-19 chegou a 188.974, somados 11.385 novos casos. Também no final do dia de ontem, o governo de Santa Catarina confirmou 3.828 casos do novo coronavírus, no Estado, e 73 mortes por Covid-19. No mundo inteiro, são 4,3 milhões de casos confirmados e 296 mil mortes pelo novo coronavírus. Com esses dados oficiais, não podemos ignorar a pandemia em que sobrevivemos. Não é “uma gripezinha”, nem “um resfriadinho”, como afirmou o presidente da República, que, depois de dois meses de pandemia no Brasil, ainda não ousou assumir a atitude patriótica e respeitosa, a qual lhe caberia, de solidarizar-se com as famílias das vítimas da Covid-19. O governo sequer aceita o “óbvio ululante” (de Nelson Rodrigues): menos isolamento, mais contágio.
Por um lado, o governo federal não está sabendo o que fazer, e, por isso mesmo, toma medidas desgovernadas, como exonerar o ministro da Saúde, em plena ascensão do novo coronavírus pelo País. Em Santa Catarina, o governo estadual segue o mesmo caminho, principalmente, na aquisição de 200 respiradores superfaturados (R$ 33 milhões), fato que acabou gerando inquérito judicial (em andamento). O ‘incidente’ já causou as exonerações do secretário da Saúde e do secretário da Casa Civil do Estado. Com isso, ambos os governos – estadual e federal – tentam retirar os holofotes da pandemia, e atraí-los às suas insanidades cotidianas.
Enquanto tudo isso acontece nas esferas institucionais, nós, trabalhadoras e trabalhadores da educação, continuamos a tarefa de conscientizar as famílias sobre a importância da prevenção, do isolamento social, tanto quanto possível. O nosso maior trabalho, com toda certeza, tem sido o ensino a distância, implementado sem projeto debatido, em condições anômalas (altos índices de stress, constantes preocupações e dificuldades, somados ao medo, à insegurança). O que tem valido a pena, neste sacrifício todo, tanto por parte de professores/as, pais/mães e estudantes, é a manutenção do vínculo. Quando houver queda na pandemia da Covid-19, sem o perigo de contaminação nas escolas, o nosso reencontro – professores/as, estudantes, mães/pais – será gratificante. Poderemos, então, aprofundar as aulas, os conhecimentos, retirando dúvidas, e seguirmos adiante. Mais que isso, precisamos continuar unidos/as na defesa da educação pública de qualidade, com valorização salarial de educadoras e educadores, equipamentos condizentes com ensino/aprendizagem e infraestrutura digna de toda a comunidade escolar.
Quanto vale uma vida – a sua, a minha, de um familiar, de um amigo, até de um desconhecido? Para todas/os nós do SINTE/SC, cada vida é única, especial, e, por isso mesmo, vale por todas!

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